A falta de vacinas e a presença de Pazuello

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Marcos Agostinho Silva (*)
Sociólogo e cientista político

A nota de repúdio produzida pelos prefeitos representados pela Confederação Nacional dos Municípios, que pede a saída o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por conta da falta de vacinas contra a covid-19 no Brasil é um imenso desabafo diante da falta de comando e da falta de perspectiva de uma campanha Nacional de vacinação conduzida pelo Ministério da Saúde: eis que na alça de mira está o terceiro ministro da pasta no atual governo.

Na outra ponta deste espectro temerário já há bastante tempo, está o presidente da República, que tardou em dar atenção à eficácia da vacina. Não há como pontuar que, em nenhum outro momento da história recente o cenário político do Brasil interferiu em uma campanha de imunização, e olhe que nosso País já passou por momentos que não esqueceremos nunca.

Parece que a estratégia é deixar a ferida da política nacional aberta até as eleições de 2022 e dessa forma causar uma cicatriz ainda maior. Afinal, para poupar este ou aquele, já que logo teremos campanhas. Até o dia de revermos as urnas no próximo ano ainda há um longo corredor político para percorrer nos Estados e também no Palácio do Planalto.

O Brasil tem condições técnicas de vacinar até dois milhões de brasileiros por dia e isso só não ocorre porque falta vacina. No país já temos montado em praticamente todas as cidades uma grande logística de vacinação, basta lembrarmos das outras campanhas de imunização que ocorrem naturalmente.

Hoje já temos prefeitos que dizem que farão encomendas de vacinas direto com o Instituto Butantan por conta da problemática federal sobre o tema. Faltou atenção a uma equação básica: quem compra tem de correr atrás, ainda mais comprar um produto com alta demanda como a vacina contra a covid-19.

Marcos Agostinho Silva é sociólogo, cientista político e diretor do Instituto Mas Pesquisa.